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Dieta Low Carb e Diabetes: segurança renal

Existe uma preocupação em relação a segurança de dietas ricas em proteínas para a função renal, particularmente em populações com diabetes tipo 2, que por si só apresentam maior risco de nefropatia. Apesar disso, dietas com baixo teor de carboidratos, alto teor protéico e alto teor de gordura (dieta low carb) vem aumentando em popularidade entre as pessoas com diabetes tipo 2, com base em evidências científicas crescentes de sua eficácia como uma estratégia de controle de peso, para melhorar o controle glicêmico e reduzir o risco de doenças cardiovasculares.

Poucos estudos bem controlados, de longo prazo, têm sistematicamente examinado os efeitos das dietas Low Carb como parte de um programa abrangente de modificação do estilo de vida sobre a função renal no diabetes tipo 2, limitando a aplicabilidade das dietas low carb no tratamento do diabetes.

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Este estudo compara os efeitos, do consumo de uma dieta Low Carb, com restrição energética e limite de gordura saturada, com uma dieta tradicional balanceada de carboidratos não refinados (High Carb), com baixo teor de gordura, em conjunto com um programa de exercícios supervisionados, sobre a função renal, em adultos obesos com diabetes tipo 2 e sem doença renal diabética, após 1 ano de acompanhamento.

No total, 115 adultos com diabetes tipo 2, sem nefropatia (doença renal), com obesidade, e com o diabetes relativamente controlado (Hemoglobina Glicada média 7,3%), participaram do estudo. No início, não havia diferença clinica e laboratorial significativa entre os grupos (Low Carb X High Carb não refinados).

Após 1 ano, houve perda de peso (média de 9kg) e diminuição da pressão arterial em ambos os grupos, sem diferença estatística. O consumo de proteína reportado pelo grupo da dieta Low Carb foi maior.

A Taxa de Filtração Glomerular e a albuminúria são indicadores estabelecidos da presença e progressão da doença renal. Esses marcadores responderam de forma semelhante a dieta Low Carb ou High Carb. Os resultados não foram alterados após a análise com ajuste do tratamento anti-hipertensivo.

Dentro dos limites de uma amostra modesta de pessoas com diabetes, esses resultados, em adultos obesos com diabetes tipo 2, sem doença renal evidente, confirmam e estendem os resultados de investigações anteriores realizadas em pessoas sem diabetes e em indivíduos com doença renal preexistente.

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A literatura que apóia a utilidade da restrição protéica na diminuição do declínio da função renal ou no atraso da progressão da doença renal é controversa. Reconhecendo as limitações dos estudos observacionais (como a possibilidade de confusão residual não contabilizada), os estudos de coorte prospectivos de pessoas com diabetes tipo 2 e sem doença renal, não encontraram associação entre a ingestão de proteína e o declínio da função renal. Uma meta-análise recente de ensaios controlados randomizados mostrou que uma dieta com baixo teor proteico não foi associada a uma melhora significativa na função renal em pessoas com doença renal quando comparada com uma dieta proteica normal (0,9 g / kg / dia 1,3 g / kg / dia).

Independentemente de qualquer diferença entre as dietas (Low Carb ou High Carb), ambos os grupos experimentaram uma redução global na Taxa de Filtração Glomerular, perda de peso substancial (9,1%), melhora no controle glicêmico, reduções na pressão arterial e da albuminúria.

Os autores concluem que, uma dieta Low Carb hipocalórica e uma dieta tradicional High Carb (com a mesma quantidade de calorias) tiveram efeitos semelhantes em marcadores de função renal em pessoas com diabetes tipo 2 sem doença renal ao longo de um período de 12 meses.

Estes resultados corroboram a evidência de que o consumo de uma dieta Low Carb para perda de peso não afeta negativamente a função renal nesta população. São necessários estudos de acompanhamento de longo prazo para determinar se estes efeitos renais são sustentados durante a manutenção da perda de peso e para estabelecer se a adesão às dietas (Low Carb e High Carb) resulta em diferenças no desenvolvimento e na progressão da doença renal.

Examinar os efeitos das dietas Low Carb em populações com complicações vasculares preexistentes, além da nefropatia, ajudaria ainda mais na compreensão da utilidade das dietas Low Carb no tratamento do Diabetes.

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